Reza a lenda que perdeu todas as moedas de ouro aquele que apostou com
a vida, certo de saber qual seria o seu próximo passo. Ignorando, por completo,
a imprevisibilidade e o compromisso que esta possui com o acaso.
A todo
instante uma nova cena. Fecha os olhos, o tempo girou a roleta da vida.
Não há
mágica que o faça te devolver esta cena passada.
O relógio não
para. Não pare também! Vive tudo, depressa!
Calma! Não tão
depressa!
É preciso tempo para digerir o tempo que tu devoras, e o que te
devora, a todo o tempo.
É tempo de
muitos verbos!
De procurar
sentido para cada um deles, em meio ao caos de tanta ausência de sentidos.
Nunca
se procurou tanto por aquilo que não se acha.
É inicio do outono. A estação da queda das folhas. Por ausência de
árvores, cai um tanto de outras coisas, lá fora e aqui dentro. A todo instante.
Por vezes, a impressão é de estar imerso numa daquelas ficções científicas extremamente
realistas e muito bem produzidas. Mas é só a vida seguindo o seu curso natural
e vibrando em devolução tudo aquilo que lhe oferecemos. Afinal, é preciso que caia algo para nos
ensinar que tudo foge ao controle.
É preciso deixar ir.
São os fins que
anunciam os inícios.
E é preciso deixar doer.
E por obra da imprevisibilidade, novamente, o cacto, vegetação espinhosa,
grosseira, resiliente, digna de pena ao primeiro olhar, faz brotar uma flor
muito sutil e delicada que vem se espremendo em meio aos espinhos e ali se
acomoda. Encontra um lugar e nos ensina que há uma maneira, necessária, de
estar, até mesmo por entre as secas e espinhos.
E para
corroborar com a ideia, esta compreensão nasce na madrugada, em meio a
insônia, iluminada apenas pelo desejo de estar...

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