Abaixo dos
céus estamos nós, estação pós estação, embalados pelo nascer e deitar do sol,
ainda que existam os dias chuvosos.
Por quê?
Seria a vida
esta constante sequência de dar sentidos e ressignificá-los, a todo tempo?
Cada um a seu
ritmo, imersos nos seus infinitos particulares, permeados pelas urgências
pessoais, bombardeados pelas necessidades criadas pelo mundo externo, que nos
invadem a ponto de nos fazer crer que nasceram de nós.
Por quê?
E neste
transcurso nos percebemos em rede com tantos outros, em meio a uma comunhão de
muitos infinitos particulares, descobrindo o produto que se forma por entre o
compartilhar de sentidos múltiplos. Com a delicada tarefa de acomodar os muitos
que somos num mar de tantos outros, que estão sempre a ir e vir. Fora e dentro
de nós.
Abençoada seja
a empatia que nos permite acolher a experiência do outro enquanto legitima, ao
tempo em que procuramos dar sentido próprio ao caminho escolhido, ao suicídio dele,
ao modo de vida do outro, ao sabor de molho escolhido por aquele, a paixão
dela, a resposta daquele terceiro, ao adoecimento do outro, ao que ele faz do
amanhã.
Tudo isso
acontece no presente, por vezes com um pé no passado, ou os dois no futuro.
Afinal,
só o agora é real, palpável e possível. Mas, o passado sempre volta em busca de
ressignificação, reinvenção, ou para ficar, e não vai embora sem levar consigo
ao menos uma noite de sono ou meia dúzia de questionamentos. “E se?”. Já o
futuro, aparece antes do tempo para perturbar ou consolar, ou até mesmo para pôr
em pauta o exercício de pensar além. Embalado pelo perigo de nos puxar para
viver com ele, em terras utópicas.
E a vida
continua a acontecer, independendo do nosso fluxo interno, do quanto de passado
nos habita e em quantos futuros habitamos.
Consciência esta que só é possível diante de alguns golpes de excesso de
lucidez. Ou não. Afinal, mediante as necessidades criadas pelo mundo externo,
parece que lucidez mesmo é ter atenta a ideia de que vida transcende a mera subsistência.
Morre Belchior
e nasce a compreensão de que, por hora, “amar e mudar as coisas me interessamais...”.
Elisa.

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